domingo, 12 de julho de 2015

Imitação de Maria; da verdadeira amizade







O servo- "Um amigo fiel é um rico tesouro, diz a Escritura; a descoberta dele é prometida aos que temem a Deus."
O céu fez que encontrásseis, ó Maria, este precioso tesouro em Isabel, a quem também fostes dada por Deus como um tesouro! Ambas nos ofereceis o modelo da mais perfeita amizade, santa e depurada de tudo o que de habito corrompe as amizades humanas. Uma feliz conformidade de sentimentos, porém de sentimentos religiosos, entre ambas predominava.
A graça e a virtude, eis o que estimastes em Isabel e o que, reciprocamente, ela em vós mesma estimava. Frequentes eram as vossas palestras, mútuas confidencias entretínheis, conselhos permutáveis, alternáveis serviços, mas todos os sinais de amizade que vos testemunháveis um só interesse visavam: o interesse da glória divina. Isabel percebeu no seu coração, desde aquele momento em que se ligara ao de Maria, sentimentos ainda mais vivos para Deus. 

Enquanto a vós, Virgem Santa, tantos progressos de santidade íeis fazendo na casa de vossa prima, como se houvésseis permanecido no vosso retiro de Nazaré. A separação não fez cessar o amor: a virtude que une dois corações não pode estar sujeita à inconstância.  





Maria- Não te vanglories, filho meu, por gozares as inocentes doçuras da amizade, a menos que o procures em uma amizade virtuosa. Todos os dias enganam-se as criaturas nas escolhas dos amigos. As almas cristãs só deveriam confiar naqueles de reconhecida fidelidade, com a religião dos quais pudessem contar.
Acharás muito desses amigos comuns, que te darás sinais exteriores de ligação afetiva, porém nada mais esperes do que isso. Só amigos serão enquanto puderes tirar vantagem de tua prosperidade. Na adversidade se te achares, deixa-lo-ão de ser. Eles procurarão corrigir-te dos vícios, cuja desonra sobre si mesmo poderia recair: quanto aos vícios que o cristianismo combate porém o mundo favorece, serão os primeiros para os quais te conduzirão aqueles falsos amigos. Aprende o que é o verdadeiro amigo: auxílio nas necessidades, consolo nas aflições, conselho nas dúvidas, orientação nos negócios, sinceridade e caráter. Ele anima sobretudo por suas palavras e seus exemplos a praticares os teus deveres. 
Raro é, porém, achar alguém tal amigo, assim como raro é que na escolha de um amigo seja a virtude consultada.
Ama a virtude, e ela far-te-á achar um amigo que seja digno de ti, um como desdobramento de ti mesmo. Muitas são as amizades que a princípio parecem vivas e sinceras, e logo acabam, porque a ligação que se fizera foi de vícios, não de virtudes. Faze, tanto quanto puderes, de tua amizade um motivo de edificação, pelo qual darás aos teus amigos o bom exemplo e deles receberás um troco equivalente. Tem para com eles toda a complacência que te possa permitir a consciência, mas não ultrapasses o limite desta. Não exijas fora do justo e do razoável, e sobretudo não os lisonjeies para que também por eles não sejas tu lisonjeado, o que pode causar grande mal a uma  alma cristã.

(Imitação de Maria, "Imitation de la très Sainte Vierge" obra modelada pela Imitação de Cristo da autoria de um religioso anônimo. Tradução de Mauricéa Filho, 2ª edição, 1938)





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